E o prestígio do presidente Lula, sem qualquer dúvida, vai ficando cada vez mais perto da sola do sapato, a ponto de fazer com que até mesmo surjam manifestações descoladas de campanhas que sejam contra o atual governo, como a promovida ontem na Avenida Paulista, em São Paulo. O grito era a favor das liberdades, todavia o Partido Novo aproveitou o momento e levou de volta às manifestações de rua o famoso boneco Pixuleco, que foi um dos grandes destaques nas reuniões públicas promovidas no período em que o atual presidente puxou cadeia por ter sido condenado pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro durante o seu segundo mandato.
Prazo de validade
Chamou atenção que, nesta nova versão, em vez de destacar o antigo uniforme que se referia à sua condição de presidiário, o Partido Novo fez questão de focar em temas relacionados à inflação que toma conta do país, além do não cumprimento de promessas de campanha. O Pixuleco de agora segura um saco de café, uma abóbora (em vez da prometida picanha) e um ovo de galinha. E, para que não se sustente a mínima ideia de coincidência, no ovo vem um alerta de que o prazo de validade é 2026. Genial.
Mais com pessoal que investimentos
Como é que um país desses pode dar certo? O gasto com pessoal continua alto no governo federal e acende mais um alerta sobre a qualidade do gasto público no Brasil. Enquanto o orçamento segue pressionado por despesas obrigatórias, como salários e aposentadorias, o espaço para investimento encolhe ano após ano — e a conta acaba sendo compensada com mais impostos, mais impostos e mais impostos.
Os números
Dados da plataforma Gasto Brasil mostram que, em 2024, as despesas com pessoal — ativo e inativo do governo federal — e encargos sociais – atingiram os R$ 362 bilhões, enquanto o investimento ficou em pouco mais de R$ 60 bi no mesmo período. Ou seja, o gasto com pessoal é seis vezes maior do que com investimentos. O contraste escancara um problema estrutural: o Brasil gasta muito com a máquina pública e pouco com políticas que geram crescimento. O fato é que essa distorção compromete o desenvolvimento do país e reduz a capacidade de resposta do Estado a demandas da população.